Wednesday, July 18, 2007

American Pie, by Don McLean


“Bye, bye Miss American Pie
Drove my Chevy to the levee but the levee was dry
And them good old boys were drinking whiskey in Rye
Singing this'll be the day that I die
This'll be the day that I die” - American Pie, by Don McLean


“American Pie”, um tema do álbum “American Pie” de Don McLean, gravado a 1971.
A letra desta música simboliza a evolução e história do rock and roll até então, e está repleta de referências. Refere a morte de Buddy Holly, Ritchie Valens e Jiles Perry Richardson Jr. (The Big Bopper), os The Beatles (the sergeants), Bob Dylan (the Jester), Janis Jopplin (the girl who sang the blues), Elvis (The King), a Guerra de Vietname, e muitos mais, tais como os Rolling Stones e The Byrds.

Estava hoje a ouvir um CD de antigos êxitos que um amigo tinha colocada a tocar, e atento ao comentário "isto é que é música!" que dizia a cada trecho de música que seleccionava, até que parou na “American Pie”, e disse "isto sim, é que é música!".
De forma provocatória, um outro amigo criticou-lo, dizendo que ele tinha parado no tempo.
Ele argumentou dizendo: "tu apenas ouves o que ELES querem que ouças, isto é que é música!".
Mas afinal quem são ELES? A quem se referia ele?
ELES são os que definem as playlists nas rádios, as editoras, a indústria de distribuição, os que ganham à custa dos artistas.
Julgo que esse comentário foi bastante influenciado pela posição tomada pela Courtney Love a Maio de 2000 na Digital Hollywood Online Entertainment Conference, em Nova Iorque, relativamente à exploração a que os artistas são sujeitos, principalmente na indústria fonográfica americana.

A verdade é que ele é um de muitos que sofre desta desordem a que chamamos Nostalgia.
Esta nostalgia que se manifesta em atitudes como guardar e coleccionar objectos antigos, ouvir discos dos tempos da juventude, ou apenas interessando-se por discussões sobre um tema passado. É um fenómeno frequentemente usado como fuga da realidade.

Concordo com o comentário desse meu amigo quando diz que algumas pessoas pararam no tempo.
Faz-me recordar algumas bandas de rock a quem perguntei as suas influências e me disseram que “The Doors” são a sua maior influência.
É verdade que os Doors foram sem dúvida uma banda rock de grande genialidade, e isso comprova-se pela quantidade de singles que conseguiram em tão poucos álbuns originais, mas... se assim é, por que não dizem Elvis Presley, o Rei do rock and roll? Ou outro qualquer músico rock n’ roll da década 40 (década na qual se considera este estilo musical ter a sua origem)? Dizer The Doors é menos fatela... talvez.

Por que têm receio de referir referências mais recentes, tais como bandas que atingiram algum sucesso nos últimos 2 ou 5 anos, e que após ouvir alguns temas é evidente a tendência de “imitação” de certos estilos vocais presentes em bandas recentes, ou mesmo formas de solar, ou nas melodias criadas?

Sem dúvida a nostalgia é uma desordem médica, de alguma forma contrária à evolução.
Isto porque pessoas nostálgicas acreditam que nos anos ou décadas passadas a música era melhor, ou a vida de um modo geral era melhor do que é agora. “Golden Days”, como os americanos lhe chamam.

A realidade é que não sofro de necessidades nostálgicas, e por isso tenho esta postura.
Gostaria de me considerar adaptável, permeável a novos estilos e sons, de alguma forma, evolutivo.
Não gosto de ouvir álbuns que conheço à vários anos ou que já ouvi dezenas de vezes.

Considero que é preciso dar uma hipótese aos novos artistas (eu inclusive) de mostrar o seu talento, mesmo criando novos estilos, ou misturando estilos que à partida parecem incompatíveis. Recompensar as muitas horas que gastam a fazer novas criações, experimentar novos sons, e ajudar a pagar as despesas que tiveram em editar os seus álbuns, e comprar os seus instrumentos.

A música, à semelhança de outras tecnologias, também evolui. Mas para que possa evoluir, a mentalidade geral tem que o permitir.

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